Escolha o seu lado preferido do balanço

Depois de muitas provas, jogos, lutas e medalhas entregues, terminou a primeira metade dos Jogos Olímpicos de Atenas. Hora de fazer como a Gazeta Esportiva Net e fazer uma rápida avaliação: afinal de contas, o Brasil decepcionou ou está tudo dentro do esperado?

Dá para tecer argumentos para qualquer dos dois lados. Vamos pelo mais fácil: o Brasil é um fiasco, não ganha nada e está atrás do Chile no quadro de medalhas. Estamos mal-acostumados pela mídia, pelo futebol e pelas propagandas da Telemar, que injetam um patriotismo exagerado em nossas veias a ponto de cobrarmos pódios de nossos atletas.

Senão, vejamos: despachamos para Atenas 247 atletas, animados e preparados graças aos R$ 60 milhões distribuidos pela Lei Agnelo-Piva, política de curto prazo criada pelo COB para propagandear, aos quatro ventos, que o Brasil é grande. Pois bem: destes, 105 já voltaram para casa – ou estão lá, secando os outros ou fazendo turismo. Embarcaram só para “ganhar experiência”.

Ora, desde quando uma Olimpíada, onde em tese estão os melhores do planeta, serve para fazer marketing ufanista ou mesmo levar alguém para ganhar experiência? E o que dizer do Hugo Hoyama, por exemplo, que a cada quatro anos vai só pra ganhar experiência?

Inevitavelmente, esse é o tipo de situação que vira piada interna – como as do José Simão: “A gente tá levando nabo sincronizado! Tem medalha de ferro? O Brasil só está levando ferro!!!”. Ouvi outra proposta sensacional: que tal propor aos EUA trocar os nossos 247 atletas pelo Michael Phelps!

Por essas e outras, o país core um sério risco: voltar de Atenas do mesmo jeito que Sydney, sem medalhas de ouro. Nesse caso, seria um tremendo vexame – já que a delegação é bem maior agora do que há quatro anos.

Muito bem, vamos aos argumentos anti-decepcionantes: o Brasil é um país com um futuro brilhante. A Lei Agnelo-Piva é recente, a maioria das nossas confederações não fornecem estrutura para nossos atletas adquirirem competitividade. E ainda estamos longe de ser um celeiro de atletas, formando uma base sólida para colher medalhas no futuro.

Diante desse cenário, só nos resta torcer pelos nossos “abortos” da natureza. Foi assim com o Guga – ou o Brasil fornece condições para alguém ser o número um de seu esporte em algum momento? Tudo bem que o manezinho da ilha caiu na primeira rodada, mas ainda contamos com um grupo seleto de fenômenos que podem salvar a lavoura.

Nesse domingo mesmo, enquanto você estiver lendo essas linhas, Robert Scheidt deve garantir a primeira medalha de ouro para o Brasil. No final da tarde, é a vez de Jadel Gregório beliscar uma boa classificação e, nesta segunda-feira, Daiane dos Santos fará seu duplo twist carpado ao som de Brasileirinho. Sem falar no futebol feminino, no vôlei, no basquete feminino…

E se, de repente, nenhum deles trouxerem o tão esperado ouro, vão ao menos voltar para casa tendo feito o melhor que puderam. Foi assim com os atletas do judô – que, por sinal, mantiveram a média e trouxeram duas de bronze. Também merecem aplausos os jovens (e as jovens) da natação, que não trouxe medalhas (coisa que não acontecia desde 1988), mas sim a certeza de um belo futuro.

Agora é a sua vez. Decida de que lado do balanço você está e complete seus argumentos. Só não vale deixar de torcer – não há marketing capaz de nos tirar a sensação de vibrar pelo seu país de maneira sincera e espontânea, somada a paixão que o esporte desperta.

Falando em Chile – Simplesmente sensacional a final de duplas no tênis masculino. Depois de jogar por três horas e conquistar o bronze, Fernando Gonzales levou mais quatro para faturar o ouro, ao lado do Nicolas Massu (o mesmo que eliminou o Guga). Sete horas jogando tênis, invadindo a madrugada em Atenas.

Cascata velha – Falta de experiência internacional? Tempo insuficiente de preparação? Pressão da torcida? Que nada. O grande mal da nossa delegação feminina é a TPM, já advertia Lello Lopes. As moças da natação e do vôlei, pelo visto, driblaram o problema…

Cascata velha 2 – Outra do nosso intrépido Lello Lopes: psicólogo da delegação brasileira garantiu, antes dos Jogos, que ninguém iria amarelar desta vez. Detalhe para o “Baloubet, fora da alçada dos psicólogos, o amarelo mais célebre de Sydney”…

Saco cheio – Assuntos que já deram o que tinha que dar: Costas Kenteris e Ekaterini Thanou, o casal que fugiu do antidoping e, em tese, forjou um acidente de moto. E ainda o papo dos estádios vazios durante os Jogos.

Comentários em blogs: ainda existem? (8)

  1. Salve Marmota!

    Como vão as coisas, meu amigo?
    Parabéns pelo destaque no caderno de Informática do Jornal O Globo, na coluna do Gravatá!

    A propósito, que bela sacada a comparação do Michael Phelps com o Nerso da Capetinga…

    Um forte e fraterno amplexo!

  2. Oi, Marmota. Eu sou ponderada. Então, acho um desaforo levar gente em fim de carreira e totalmente sem chance de medalha. Quanto aos demais, é importante aparecer virtuoses para os esportes (que não são futebol) ganharem projeção e recursos. As leis são recentes e o dinheiro é curto. Pode parecer muito o que destinamos ao esporte, mas as cifras utilizadas por EUA, C0hina, Japão, França são impressionantes. Sem ufanismo algum: o Brasil precisa trabalhar sério para ser melhor em Pequim e não deixar mais uma vez tudo para última hora! Abração.

  3. Fala André!!

    Bom, desde que começou as Olimpíadas (melhor seria ‘Olim-piadas), 90% das vezes que passei por aqui, foi mais a nível de leitura mesmo, mas hoje pela manhã ouvi na Brasil 2000 no Jornal Brasil 2000, que o presidente Lula fará uma recepção em homenagem ao Robert Scheidt, que ganhou a 1ª medalha de ouro.

    Sim, até concordo com o gesto de nosso Presidente da República, mas até agora não entendi o porque que ele também não faz a mesma homenagem aos atletas que ganharam bronze, ou melhor ainda, porque não faz uma homenagem à todos os atletas, independente se ganharam medalhas, se quebraram recordes, ou outra coisa qualquer de olimpíada. Na minha opinião, eles estiveram lá, levaram a bandeira brasileira, honraram nosso país, e pq não ganharam um pedaço de lata banhada a bronze, prata ou ouro, não merecem homenagem…

    Sim, estou chateado com tudo isso, porque aqui o que mais temos visto é a cobrança de medalhas, e não a disputa, o espírito esportivo dos atletas, hoje eles ganham medalhas, mas isso não quer dizer que eles terão os maiores patrocinadores do mundo para continuar a treinarem e terem melhores performaces…

    E mais, pra que homenagem?! Acho que o presidente deveria ter se preocupado com os treinadores que foram proíbidos de irem com os atletas à Atenas, e depois como esmola, deixaram ficar na “arquibancada” para assistirem as apresentações…

    Bahhhhh, vou parar por aqui, desculpe utilizar o ‘seu espaço’ para ‘descarregar’ essa minha indignação!

    Um grande abraço e parabéns pelo trabalho realizado aqui.

    Rodgers

  4. Fala André!!

    Bom, desde que começou as Olimpíadas (melhor seria ‘Olim-piadas), 90% das vezes que passei por aqui, foi mais a nível de leitura mesmo, mas hoje pela manhã ouvi na Brasil 2000 no Jornal Brasil 2000, que o presidente Lula fará uma recepção em homenagem ao Robert Scheidt, que ganhou a 1ª medalha de ouro.

    Sim, até concordo com o gesto de nosso Presidente da República, mas até agora não entendi o porque que ele também não faz a mesma homenagem aos atletas que ganharam bronze, ou melhor ainda, porque não faz uma homenagem à todos os atletas, independente se ganharam medalhas, se quebraram recordes, ou outra coisa qualquer de olimpíada. Na minha opinião, eles estiveram lá, levaram a bandeira brasileira, honraram nosso país, e pq não ganharam um pedaço de lata banhada a bronze, prata ou ouro, não merecem homenagem…

    Sim, estou chateado com tudo isso, porque aqui o que mais temos visto é a cobrança de medalhas, e não a disputa, o espírito esportivo dos atletas, hoje eles ganham medalhas, mas isso não quer dizer que eles terão os maiores patrocinadores do mundo para continuar a treinarem e terem melhores performaces…

    E mais, pra que homenagem?! Acho que o presidente deveria ter se preocupado com os treinadores que foram proíbidos de irem com os atletas à Atenas, e depois como esmola, deixaram ficar na “arquibancada” para assistirem as apresentações…

    Bahhhhh, vou parar por aqui, desculpe utilizar o ‘seu espaço’ para ‘descarregar’ essa minha indignação!

    Um grande abraço e parabéns pelo trabalho realizado aqui.

    Rodgers

  5. Marmota,

    O vídeo foi gravado no CTG Meu Pago em Diadema, em fevereiro. Atualmente, esse CTG está em reformas. Os bailes e domingueiras mais animados são no CTG União e Tradição (já tem programação para a Semana Farroupilha). Se quiser mais detalhes, entre em contato. Abração!

  6. Perfeito o comentário do Rodgers Sabbath’s. De fato, espero que além do Scheidt o Lula saiba reconhecer o valor da Daiane dos Santos, que carregou em seus joelhos a pressão de um país inteiro, e levou o Brasil a uma inédita final em um dos aparelhos da ginástica.

    Do mesmo modo, Joanna Maranhão, Leandro Guilheiro, Flávio Canto, Daniele Hypólito e Gabriel Mangabeira, dentre outros, mereceriam receber não apenas o merecido reconhecimento por suas excelentes performances nas Olimpíadas, como maior apoio de um país no qual o futebol praticamente monopoliza todas as atenções midiáticas, com exceção do Pan e dos Jogos Olímpicos.

    Por exemplo: todos dizem que o judô “decepcionou” por ter conquistado “apenas” duas medalhas. Mas quantos sabem, por exemplo, que Carlos Honorato, Mário Sabino e Edinanci Silva ganharam medalhas de bronze no último mundial de judô?

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