Antes mesmo da geração blog, onde um computador, templates coloridos e sistemas de comentários mudaram o sistema de escrever sobre o que acontece em nossas vidas, alguns faziam o mesmo com caderno e caneta, para lembrar algum acontecimento marcante sempre que desejar. Pois bem, desde 1989 já usava este sistema metódico e eficiente para descrever, anualmente, um dos momentos mais constantes da minha vida: a viagem de final de ano.
Bom, quem já teve a curiosidade de clicar no item “quem é Marmota” no menu lateral já se deu conta de que a minha família é gaúcha. De fato, todos os meus parentes mais próximos vivem em Pelotas, Rio Grande do Sul. Nos últimos vinte e poucos anos, reservamos esta época do ano (Natal, Reveillon e parte do mês de janeiro) para visitar todo mundo, esquecer a metrópole e respirar outros ares – e aqui sem trocadilhos com a fama “pelotense”.
Creio que eu seja uma pessoa privilegiada nesse aspecto: passo o ano inteiro no ritmo caótico de São Paulo e, durante alguns dias, meu relógio funciona em outro ritmo. É outra cidade, mas na prática, é outra dimensão. Costumo dizer que Pelotas é o cenário de uma “história paralela”, onde o tempo não é contado da maneira convencional – horas minutos, segundos. São anos.
Retomando. Viajar para o Rio Grande do Sul faz parte da minha vida desde 1977. Mas apenas em 1989 comecei a registrar tudo de maneira ininterrupta. No meu velho caderninho, minhas anotações se parecem com as temporadas regulares da NBA: 89/90, 90/91 e assim por diante… Todas as histórias possuem a mesma linha de raciocínio: saímos de casa, percorremos 1500 quilômetros, passamos Natal, Ano Novo e alguns dias, até voltarmos. Evidentemente, cada “temporada” dessas possui as suas peculiaridades. Em 90/91 meu pai levou uma barraca e ficamos acampados uma semana no sítio onde minha mãe nasceu. Em 95/96, por exemplo, pude falar pela primeira vez que tinha uma namorada. Em 96/97 fui sozinho com o meu irmão, e passamos um sufoco enorme quando ele torceu o joelho.
Vamos reumir a última delas, a “temporada 01/02”. Saí de São Paulo dia 24 de dezembro, um dia depois de ter colocado a manchete “Atlético Paranaense campeão brasileiro” na capa da Gazeta. Permaneci em trânsito até 14 de janeiro – deu até para visitar o Beira-Rio nesse intervalo! Mas o que me deixou impressionado foram os efeitos do tempo, e aqui não falo apenas do time… Aquela antiga namorada está casada. Meus primos continuam indo comigo no Cine Capitólio, mas o assunto na sorveteria do calçadão da Andrade Neves passou a ser o fato de “todos terem ficado com todas” no baile do Clube Brilhante. Os antigos casarões do Passo das Pedras e do Canto Grande, onde meus pais se criaram, estão abandonados. aquelas histórias típicas envovendo familiares ficam cada vez mais enroladas… Nessas horas, é meio difícil ser um cara nostálgico.
Histórias não faltaram em mais um final de ano. E assim como em todas as últimas temporadas, ela terminou com a frase “dezembro já está aí”. E mais uma vez, dezembro chegou! Tudo bem que, desta vez, passamos o Natal em São Paulo pela primeira vez em 14 anos, e cá entre nós, não foi um Natal tão alegre assim. Além disso, tivemos um ano tão atribulado que as expectativas para a nossa tradicional viagem não são as mesmas. Mas isso não importa: vem aí a temporada 02/03, a partir desta quinta, e espero que seja inesquecível – é incrível como, já na primeira parte da retrospectiva, o período de um ano já acabou!
Nossa… que chuva de posts… vc realmente estava inspirado! Feliz 2003!
Olá Marmota!Td belezinha?!Quero te desejar um ótimo 2003 cheio de paz e saúde! Boas férias!!!UM ABRAÇÃO!