Considerações aleatórias sobre Zimbábue, Tanzânia e outras africanices

Então a seleção do Dunga terminou, nesta segunda, sua preparação pré-Copa. Aos moldes dos Mundiais anteriores, as “andorras”, “malásias” e “lucernas” da vez foram Zimbábue e Tanzânia. Duas vitórias pra animar o grupo e dar ritmo de jogo: respectivamente, 3 a 0 e 5 a 1 – esse último um, como diria Galvão Bueno, é daqueles feitos que o autor, Azziz, vai contar aos bisnetos. E que, obviamente, Gomes fará de tudo para as gerações seguintes esquecer.

Numa observação totalmente superficial, tudo o que poderíamos dizer sobre os dois países é: “duas babas que talvez não precisássemos enfrentar e que, pelo visto, ficam na África mesmo”. O que não quer dizer muita coisa diante de observações pertinentes que ouvi, como “não é ali que vive o Demônio da Tanzânia, de onde saiu aquele personagem do desenho?”. Alguns mais iniciados talvez citem A Cor do Som ao lembrar que a ilha de Zanzibar pertence à Tanzânia. “A luz de Jezebel no céu de Zanzibar, feliz meu coração zumbiu no corpo dela alicolôtalá”. Não?

Enfim, bem vindo ao clube dos brasileiros que, diante desse início de cobertura massificante, enxergam estereótipos que definem a África como “uma coisa só”. Mais ou menos como muitos estrangeiros encaram o Brasil, não? Parece besteira, mas é só observar os símbolos do Mundial, como a bolinha que apresenta os boletins informativos da Globo. A Copa é na África? Por que não usar o desenho do continente todo?


A bolinha da Globo, sobrepondo um mapinha em francês.

Lógico que é pedir demais, mas o Mundial é uma tremenda oportunidade para “destrinchar” ao menos em parte algumas questões que nos ajudariam a entender o continente. Especialmente a colonização européia, algo que em parte é bastante semelhante ao que vimos nas Américas. Com duas diferenças fundamentais. A primeira: quando belgas, franceses, alemães, britânicos, italianos, portugueses e espanhóis “partilharam” a África, ignoraram solenemente a estrutura tribal que já existia. As centenas de etnias foram praticamente “rearranjadas”, de modo que alguns aliados se separaram – e inimigos foram obrigados a conviver na mesma demarcação.

A segunda: tal processo de colonização, numa escala histórica, se desenrolou ao menos cem anos depois do que houve do outro lado do Atlântico. Salvo exceções como Egito ou a própria África do Sul, cujo processo de independência e contexto histórico possuem características bem peculiares, as outras nações levaram mais tempo para se “desprender” da colônia – em alguns casos, envolvendo conflitos. Alguns países que declararam sua independência há algumas décadas estão engatinhando em praticamente todos os campos do desenvolvimento. Essas duas situações explicam muita coisa.

Isso vale para aqueles que falam o nosso idioma – e isso é algo que ainda me deixa encafifado. Os angolanos, certamente os ex-colonizados mais lembrados por aqui, consomem muita coisa oriunda do Brasil. Desde canais de TV, tornando conhecidos nomes como Luciano Huck e Banda Calypso, até a literatura – o próprio domínio português fez com que Jorge Amado fosse melhor recebido que Eça de Queirós.

E é incrível como o inverso não acontece: são raras as notícias vindas dos nossos “primos semânticos”. Pessoalmente, ficaria feliz se um dia tivesse a chance de conhcer Luanda, Maputo ou, melhor ainda, Cidade de Praia, em Cabo Verde. Nesse aspecto, seria muito bacana ver a Seleção atuando em Moçambique – tão próximo quanto a Tanzânia geograficamente, mas bem mais encostado levando em conta o idioma.

Enfim, acabamos no Zimbábue, país mais pobre do continente. Nesse sentido, a presença do time de Dunga poderia remeter ao amistoso no Haiti, em 2004. Acabou passando outra impressão, bem estranha: como os milhões de dólares do cachê foram desembolsados por Robert Mugabe, ditador sanguinário no poder desde 1980, ficou claro que a partida teve caráter essencialmente populista. Posição da CBF? “Não temos nada com isso. Fomos jogar futebol”. Pagando bem, que mal tem, não é? Ah, em tempo: o que foi aquele hino executado pela fanfarra do colégio?

Já a Tanzânia, do monte Kilimanjaro e do azul de Jezebel na luz de Calcutá, surpreendeu em outro aspecto: graças a histórica parceria comercial dos africanos com a China, a cidade de Dar es Salaam possui, em sua periferia, um estádio padrão Fifa no meio do nada – como os arredores do Mangueirão, em Belém. Tanto ali quanto em Harare, na última quarta, os ingressos nada tinham a ver com os padrões da população local. Fica a lição para 2014, hein?

Bom, devo ter dito algumas besteiras nas últimas linhas. Fiquem à vontade para compartilhar seus conhecimentos, além de boas fontes de informação… Vamos precisar delas nos próximos dias.

Comentários em blogs: ainda existem? (6)

  1. Que texto mais feio é esse? Gente façam as citações de modo correto. Ou será que foi de propósito mesmo?
    Nomes próprios com letras minúsculas – “andorras”, “malásias” e “lucernas”? Onde já se viu?! E se “Lucernas” acima citada se refere a comunidade Suíça,o correto é Lucerna.

    E a música da banda A Cor do Som, poderia ter copiado e colado o trecho de algum site com as letras, muito fácil.
    “O azul de Jezebel no céu de Calcutá, feliz constelação Reluz no corpo dela, Ai tricolor calar !”

    Sobre essa bolinha da Globo, forçosa referência. Sinto muito dizer, mas seu texto é desmotivador.A tal ponto de não conseguir chegar ao fim. Contudo devo dizer que não desista, mas procure aprimorar-se. O mais importante é o esforço em tentar produzir algo e melhorar a cada nova tentativa. Parabéns!

    Ass.: Jefferson Prado

  2. Demônio da Tanzânia?
    Eu só conheço o Demônio da Tasmânia. E esse sim é o do desenho – Taz-Mania.

    Essa não poderia deixar passar.
    Cuide-se.

    Abraços,
    Jefferson Prado.

  3. Jefferson, seus comentários só reforçam o texto: ninguém presta atenção no que lê, não entende ironias, já traz consigo suas percepções como se fossem as únicas válidas. Vai ser engraçado aprová-los e mostrar a quem interessar um bom exemplo de arrogância e falta de atenção. De qualquer forma, agradeço o tempo dispensado.

  4. E, Ferroru!!!kkkkkkkkkk

    Valeu cara, no fim de tudo eu já não podia voltar atrás, porque neste blog não há como excluir os comentários precipitados.

    Continue em tua jornada.

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