As cinco melhores novelas das sete que eu vi

Antes de continuar, convém falarmos um pouco sobre essa mania irresistível, que já se tornou uma tradição secular. Assim, temos as cinco razões para se fazer listas do tipo Top 5:

#5 – Quer um jeito fácil de criar debates polêmicos ou mesmo provocar injustiças? Invente uma lista dessas. Todos vão dar razões incríveis para manter ou trocar um item, ou ainda brigar por causa daquela ausência imperdoável.

#4 – Cinco é um número perfeito. Listas como “as 100 mais” ou “as 500 mais” demandam semanas de preparação. Uma lista “top 10” apresenta um ou outro item que está ali só para encher linguiça. Um “Top 7” só funciona no rádio, já que sete músicas duram, mais ou menos, meia hora. E um “Top 3” é extremamente limitado.

#3 – Eu também me identifico com Rob Fleming, o célebre personagem do filme “Alta Fidelidade”. Ele tinha talento para elaborar os mais diversos Top 5, especialmente quando a lista procura elencar todos os grandes foras de sua vida para, finalmente, corrigir todos os erros e acertar ao lado da pessoa certa (coisa que só funciona em filme).

#2 – Todo mundo faz Top 5 todos os dias. Seja em casa, no trabalho, em seus próprios blogs ou ainda em uma das inúmeras comunidades do Orkut (como esta ou esta). Mesmo aqui as listas já ocuparam espaço: tem várias no meu perfil, além de dois posts (um olímpico, outro comestível)

#1 – Quem faz listas acaba, inevitavelmente, fazendo uma auto-análise. Trata-se de uma forma simples de organizar pensamentos relevantes e resumir, em poucas palavras, a sua essência. Um jeito simples de comprovar isso é fazendo uma lista de cinco objetivos primordiais em um intervalo de tempo. Se você conseguir realizá-los, verá suas conquistas importantes com outros olhos.

Agora sim, vamos à lista que me motivou a criar listas regulares nesse espaço. Historicamente, e descontando a já consagrada “Malhação”, a Errei de Globo definiu bem suas três faixas novelísticas mais importante: a das seis, normalmente uma trama doce (ou “água com açúcar”) e, ultimamente, repleta de historinhas de época; a das oito, o “novelão” do horário nobre, que vem depois do Jornal Nacional; e finalmente, o horário das sete, marcada na maioria das vezes por historinhas engraçadinhas e agitadinhas. Talvez por isso, as mais legais.

#5A Viagem (1994): Essa é tão bacana que passou duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo (em 97 e 2006)!!! A novela favorita da Luciana começa quando Alexandre, aquele que um dia vai nos brindar com o filme Chatô, é preso depois do irmão Caco Antibes denunciá-lo. Sempre prometendo vingança, o cururu se mata, vai parar no trágico Vale dos Suicidas e passa a atormentar a vida de todos: entre eles sua ex-namorada Andréa Beltrão, que se apaixona por Maurício Mattar, e o casal chave da história, Otávio Antônio Galã Fagundes e Christiane Diná Torloni. Os dois começam se odiando. Depois, se apaixonam. Depois morrem. Depois se encontram no céu e, com a força do amor, salvam o que resta da alma do Alexandre. Uma das músicas da trilha sonora internacional (que é excelente) é Linger, do Cranberries, que me faz lembrar uma das minhas piores paixões não correspondidas. Mas isso não vem ao caso.

#4Top Model (1989/90): Essa teve forte identificação com o público jovem, graças aos filhos do Nuno Leal Maia, vulgo Gaspar. Cinco filhos com mulheres diferentes, criados pela babá Naná, apaixonada por Gaspar. Mas a história principal era com a “modelo” do título, Malu Mader (a Duda), que era apaixonada pelo Taumaturgo Ferreira (o Lucas). Como em toda novela bacana, a força da trilha sonora era grande: tinha Oceano, do Djavan; Hey Jude do Kiko Zambianchi (aquela que, enquanto os Beatles cantam “remember…”, ele diz “esqueça…”); À Francesa, da Marina; Stay, do Oingo Boingo; Stairway to Heaven, do Led Zeppelin; Wish You Were Here, do Bee Gees… E finalmente, a marcante “no more boleroooosss”… Foi a primeira novela de Antônio Calmon, que ficaria mais conhecido no horário por outro grande sucesso:

#3Vamp (1991/92): Fenômeno espetacular de audiência entre a garotada da época. As meninas ficavam apaixonadas pelo Matosão. Os meninos, pela Luciana Vendramini. Uma legião torcia por Miss Penn Taylor (que anos mais tarde se rebaixaria a Santana, de Mulheres Apaixonadas) e o Capitão Jonas (um dos papéis mais legais do Reginaldo Faria!) contra a crueldade do Conde Vlad (Ney Latorraca) e sua assistente Mary Matoso (da divertida Patrícia Travassos). A clássica cidadezinha de Armação dos Anjos contava ainda com praticamente a mesma molecada de Top Model (sem qualquer coincidência) e a Rádio Corsário, capitaneada por Evandro Mesquita (que virou pretexto para um terceiro LP, além dos tradicionais Nacional e Internacional). Mas a trilha sonora tinha outras músicas marcantes: Elba Ramalho cantava Felicidade Urgente, Skid Row embalava a moçada com I Remember You, Claudia Natasha Ohana tapeava com Sympathy for the Devil… Sem falar em Noite Preta, que catapultou Vange Leonel para o sucesso (?). Tristemente, ao invés de reprisar Vamp outra vez (fizeram isso na Sessão Aventura), o mesmo Antônio Calmon inventou uma tal “O Beijo do Vampiro”. Blé.

#2Sassaricando (1987/88): Sílvio de Abreu era mestre em novelas das sete. A começar por Guerra dos Sexos, que entraria em muitos top 5 (menos no meu, simplesmente por não lembrar dela como merece). Fez ainda Vereda Tropical Cambalacho e Deus nos Acuda (novela que ressucitou a Dona Armênia). Mas Sassaricando virou moda. A trama, cheia de mistérios e rolos familiares, era encabeçada por Paulo Aparício Autran, Tônia Rebecca Carrero e Jandira Teodora Martini, que morre mas volta para assombrar o pobre Aparício. Este apelava sempre para São Sinfrônio, que surgiu na imagem de Cécil Thiré no último capítulo para revelar onde está o tesouro da família Abdalla. Tinha ainda o sensacional núcleo feirante, que consagrou Claudia Raia no papel de Tancinha, a encantadora vendedora de melões! E quem não teve vontade de aprender a Dança do Ventre após a enjoada Fedora rebolar ao som de Fatamorgana! Espetacular.

#1Que Rei Sou Eu (1989): A melhor novela das sete de todos os tempos, sem sombra de dúvidas. Tanto que já rendeu post aqui, onde já falei muito sobre Jean Pierre, Ravengar e cia, sempre ao som de Bamboleo, How can I go on e Eternal Flame. Seu autor, Cassiano Gabus Mendes, era outro especialista em novelas das sete: além dessa, escreveu Ti Ti Ti, de 1985 – ano em que foi cunhada a excelente frase “a gata comeu o tititi do roque santeiro na tenda dos milagres”, retratando o que a TV exibia na época de maneira brilhante. A sátira ao mundo da alta costura tinha uma abertura cheia de lápis e tesouras brigando (além do tema da Banda Metrô), em alusão ao duelo entre Jacques Leclair (olha o Reginaldo Faria de novo!) e Victor Valentim (também conhecido como Mário Fofoca, Juca Pirama, seu Vavá e até Luiz Gustavo). A última cena, com os dois já velhinhos e ainda brigando (e um “nuuuuunca” vindo do céu) é antológica, e merece uma menção honrosa. Cassiano Gabus Mendes fez também Brega e Chique, Perigosas Peruas Elas por Elas e sua última, O Mapa da Mina (que era até bacaninha).

Enfim, não custa nada encerrar com uma listinha vagabunda de cinco novelas das sete que eu fiz questão de não assistir: Desejos de Mulher, Olho no Olho (o que era aquele bando de anormal!!!), Uga-Uga (e todas as suas variantes com Marcos Pasquim), As Filhas da Mãe (grande fiasco) e a atual Bang Bang (fiasco maior que o anterior).

Atualizado: Cumpadi Inagaki tem razão. Fiz confusão entre “Cassiano Gabus Mendes” e “Perigosas Peruas” (que é do Carlos Lombardi, assim como Vereda Tropical) porque o pai do Cássio e do Tato fez parte do elenco (era o velho Torremolinos). Sobre Guerra dos Sexos, foi o que eu escrevi: vai ser uma injustiça, mas escolhi cinco novelas que eu vi. E reafirmo: quer um jeito fácil de provocar injustiças e criar polêmica? Faça listas! 🙂

(Postado em 12/02/2006)

André Marmota tem uma incrível habilidade: transforma-se de “homem de todas as vidas” a “uma lembrancinha aí” em poucas semanas. Quer saber mais?

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Comentários em blogs: ainda existem? (28)

  1. Cumpadi André, que injustiça com “Guerra dos Sexos”, a obra-prima de Silvio de Abreu que tornou o horário das 7 espaço obrigatório para novelas bem-humoradas! Outra coisa: você injustiçou o Carlos Lombardi (autor das excelentes “Bebê a Bordo” e “Quatro por Quatro” ) nessa lista, atribuindo erroneamente novelas escritas por ele a outros autores, como “Perigosas Peruas” (não é do Cassiano Gabus Mendes) e “Vereda Tropical” (o Silvio de Abreu foi colaborador, não o autor principal).

  2. Eu não abro mão de “Quatro por Quatro”, de Carlos Lombardi. Uma novela que conseguiu me fazer chorar numa cena protagonizada por Humberto Martins (se bem que a trilha sonora, com “Clube da Esquina 2″ na fantástica versão de Flávio Venturini fez todo o trabalho), tinha que ser a melhor que eu já vi.

    Das seis, “Força de um desejo”, de Gilberto Braga, que acabou de ser reprisada.

    E das oito, a inesquecível e inenarrável “Roque Santeiro”, de Dias Gomes. “Vale Tudo”, de Gilberto Braga vem logo atrás.

    13 de Fevereiro de 2006 às 12h45

  3. Ninguém lembrou de “Próxima vítima” e de “Rainha da Sucata”… que sacanagem!
    Isso sem falar da “AWCONCUR” mexicana “Carrocel”… (entre doendes e dadas, a terra encantada, espera por nós…)

    Um abraço!

    13 de Fevereiro de 2006 às 17h18

  4. Cassiano Gabus Mendes e Sílvio de Abreu eram os grandes mestres do horário das 7 nos anos 80. De Cassiano, as que eu mais gostei foram “Tititi” e “Brega & Chique”. De Sílvio de Abreu, “Vereda Tropical” e “Cambalacho”. As novelas das sete perderam boa parte da inventividade que possuíam nos anos 80. Hoje a qualidade técnica e de produção é bem superior, mas os textos e a interpretação dos atores caíram bastante.

    14 de Fevereiro de 2006 às 13h40

  5. Uma lista de top five é uma coisa bastante pessoal, mas a lista que li é excelente. Realmente, as novelas descritas (das 7, claro, pois um top five de todas as novelas de todos os horários é difícil) foram as melhores. Os anos 80 e até a metade dos 90 nos brindaram com “clássicos” que mereciam dezenas de reprises da Rede Globo, que, mesmo cometendo equívocos em sua programação atual, foi quem produziu o que de melhor se vê em teledramaturgia. Só não concordo -e em parte- com uma novela da lista: Sassaricando. Embora seja uma espetacular novela, e de deixar essas Bang Bang’s e Luas me Disse no chinelo, até mesmo Da Cor do Pecado -um horror-, Sassaricando apresentou uma pequena mudança de rumos no roteiro inicial -Aparício Varela deixa de ser protagonista aos poucos da história. Como também não vi “Guerra dos Sexos”, não menciono essa ótima novela do Sílvio de Abreu no top five, deixando para “Cambalacho” meu voto. Essa novela era de “doer” de dar risada!!! Nunca me diverti tanto com uma novela. Sílvio de Abreu estava mais inspirado há vinte anos. Agora, está escrevendo “Belíssima”, uma boa novela, mas o núcleo de humor é decepcionante. Ok? Abraços a todos. Espero não estar sendo muito chato. Ah! AINDA BEM QUE A GLOBO ESTÁ EXIBINDO “A VIAGEM”!!! “Uga Uga” (uma de suas pretensões) ninguém merece…

  6. A melhor novela das sete sem dúvida foi Guerra dos sexos de Sílvio de Abreu. A novela que mai inovou no estilo, no humor, no elenco. As outras que seguiram o mesmo gênero também ficaram na memória: Vereda tropical Cambalacho e Sassaricando.
    Não esquecer o contributo de Cassiano Gabus Mendes: Ti-ti-ti e Brega & chique (não vi que rei sou eu, que foi a melhor de Cassiano).
    De Ivani Ribeiro, A Viagem também foi excelente.

  7. Eu adoro fazer listas, embora ainda não tenha publicado nenhuma das minhas “as 100 coisas…” no meu blog. Quem sabe um dia… Mas, falando das novelas, gostei da sua seleção. Guerra dos Sexos foi muito bacana, hilária, de muito bom gosto, bem pastelão (e falar dela com essa propriedade denuncia a idade, convenhamos!). Quando você citou Que Rei sou eu?, lembrei-me do meu falecido avô. Ele não era chegado a novelas, mas essa foi a única que ele assistiu com gosto. Parava o que estivesse fazendo e ria gostoso na frente da TV quando assistia à novela. Tenho saudades dos dois, dele e da novela. Obrigada por me fazer lembrar disso. Bjos

  8. Rapaz, Vereda Tropical foi inesquecível. Mário Gomes era o Luca, um jogador de futebol sem muitas oportunidades, que um dia chega ao sonho de jogar no Corinthians. Enquanto treina e briga com os irmãos (Paulo Betti e Paulo Guarnieri), que trabalham na cantina da mamma Georgia Gomide, Mário Gomes se divide entre o amor da humilde Lucélia Santos e as belas pernas da ricaça Maria Zilda.

    Acho que era do Sílvio de Abreu. Uma comédia romântica das mais envolventes.

  9. pois pra mim a melhor novela das sete foi primeiro da cor do pecado!que inclusive esta reprisando no vala apena ver de novo!e logo em seguida a viagem também foi muito boa!
    das seis foi a inesquecivel mulheres de arreia!com atuação inpecavel de gloria pires!e alma gêmea que estorou nos indeces de audiência!
    e das oito foi por amor de manoel carlos ,o clone,e a proxima vitima foram as melhores!

  10. Bem, vamos lá:

    A novela que mais gostei no horário das sete foi “A Viagem, onde formou-se um dos casais mais belos e charmosos da TV brasileira: Christiane Torlone e Antônio Fagundes, com direito à outra dimensão após a morte do corpo…aquilo era tudo que eu queria na vida e na morte, não precisava ser o Antônio Fagundes, e nem eu ser a Chris Torlone, eu só queria aquele amor, meu Deus…que coisa!

    Beijos,

    Rita Maria

  11. Todas as novelas mencionadas são bárbaras, difícil escolher a melhor.
    Independente de horário as melhores já lançadas até hoje foram: O CLONE, MULHERES APAIXONADAS, LAÇOS DE FAMILIA, BELISSIMA, VALE TUDO, A GATA COMEU, VAMP, QUE REI SOU EU?, A VIAGEM, O REI DO GADO.

    As piores novelas ate hoje foram todas protagonizadas pelos sem camisas e geralmente no horário das Sete, Pé na Jaca encerrou com chave d ouro umas das piores novelas. Sem texto, sem atuação espetacular dos atores, enrolação no inciio ao fim, sem conteudo.

  12. Rapaz, finalmente encontrei alguem que pudesse me tirar uma dúvida…..Sobre a excelente novela quatro por quatro, havia uma trilha sonora do personagem Humberto Martins, cantada por Flavio Venturini…qual o nome daquela música? ela é do 14bis? se não de quem ela é?Agradeço a quem me responder e um forte abraço a todos……..

  13. Escrevo no meu blog sobre novelas globais,e achei muito interessante abordar esse tema ,uma vez que pessoas do sexo masculino não se interesam muito pelo assunto.

    Mas para mim a melhor novela ( não propriamente das sete) foi Por Amor escrita por Manoel Carlos exibida em 1997.
    Abs

  14. Eu sou um grande fã do Sílvio de Abreu – e também acho que Guerra dos Sexos foi provavelmente a melhor novela das sete da história, com Que Rei Sou Eu? em segundo lugar. Aliás, os anos 80 foram os anos de ouro pro horário das sete. A melhor safra nesse horário foi naquela década. Na qualificação geral, a minha predileta foi A Próxima Vítima, também do Sílvio – a melhor novela dele às oito (Rainha da Sucata chega perto) e a preferida do próprio autor, segundo depoimentos. Também menciono a grandiosa Vale Tudo, do Gilberto Braga, e Mulheres de Areia, da Ivani Ribeiro.

  15. eu amei de paixão a proxima vitima de silvio de abreu, tinha uns sete anos na altura mas dps voltei a ver a repetição e era fantástica! Parabéns silvio.

  16. caro colega,a sua lista esta de acordo com uma que eu fizesse,mas sem duvidas, a melhor das sete, de todos os tempos na minha opiniao foi “top model” do Antonio Calmon – que na sua ultima novela “começar de novo”(2004)fez a pior de todos os tempos,ha quem diga que foi “bang bang” que aqui rendiam 25 pontos na grande Sao Paulo, e em Portugal so dava um pontinho so.

  17. Ei pessoal

    Novelas boas da sete vocês não mencionaram:

    Anjo mau, bravo, Locomotivas.
    Locomotivas é a minha predileta.

    Ah, também sou novelista;
    Escrevi:Ópera de sabão, sombra e água fresca, queda alada, último sol da primavera, entre outras.
    Vamos conversar?

  18. VAMP, QUE REI SOU EU, TITITI(85), TOP MODEL, VALE TUDO, GATA COMEU. BEST OF THE BEST.
    NOVELAS DE 2000 EM DIANTE NINGUEM MERECE REPRISE.

  19. As 10 melhores novelas das 7 são:

    1 Quatro por quatro
    2 A viagem
    3 Vamp
    4 A gata comeu
    5 Top Model
    6 Tititi
    7 Da cor do pecado
    8 Perigosas peruas
    9 Cobras & lagartos
    10 Brega e chique

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