A cada nova temporada, o Campeonato Paulista apresenta aos seus torcedores equipes reformuladas, craques, decepções, polêmicas e afins. Mudam as histórias, os campeões e… o regulamento. Esse item, aliás, é responsável por uma das poucas coisas que não se alteram a cada novo Paulistão: a chiadeira de técnicos, jogadores, entre outros, diante das “inovações”.
As reclamações fazem sentido diante dos confrontos das quartas-de-final: o São Paulo, melhor equipe na fase classificatória, não terá qualquer vantagem diante do São Caetano, neste domingo, no Morumbi: o semifinalista será conhecido após um único jogo, e em caso de empate – resultado perfeitamente normal, teremos pênaltis. Nesse caso, ganhar ou perder pode ser questão de sorte. Caso a lógica prevaleça (lembrando que não há lógica no futebol), o Tricolor poderá enfrentar o Santos, campeão do seu grupo. Um confronto que seria bem mais coerente na grande final.
Evidentemente, isso poderia ser revisto – a Federação Paulista bem que tentou mudar o regulamento durante a competição, mas voltou atrás graças ao Estatuto do Torcedor. Assim, não será surpresa alguma a ausência de qualquer um dos “grandes” na próxima fase. Assim como poucos se surpreenderam em 2003, quando ninguém sabia quem jogaria por dois resultados iguais na final entre Corinthians e São Paulo. O regulamento favorecia o Alvinegro, que somava menos cartões; mas a Federação o ignorou, dando a vantagem do empate para o Tricolor. Não fosse a vitória do Timão nos dois jogos, o título seria decidido no STJD…
Na época, o presidente da entidade, Eduardo José Farah, admitiu que o regulamento do campeonato estava “mal redigido”. E sobram casos como este na história recente do Paulistão, e assim como a insatisfação dos boleiros, uma dúvida permanece ano após ano: alguém lê um regulamento antes de assinar? Sabe-se que, além da própria Federação, os clubes também precisam concordar com o que está escrito e sugerir alterações. Ao menos deveria ser assim.
Com um pouco de imaginação, porém, não é difícil elaborar um rápido exercício de ficção, ilustrando a confeção de um regulamento. “Pessoal, rapidinho que o tempo é curto. Como é que vai ser? Dois grupos pra 21 times? Quem joga aonde? Um turno só? Vai ter mata-mata? Boa, põe pênalti aí. Daí A joga com B e C enfrenta D. Ficou legal. Dêem uma lidinha rápida aí, escreve ‘ciente’ e assina”. Assim não dá tempo de ler mesmo.
Brincadeiras à parte, é óbvio que a dúvida atende interesses de quem não dá a mínima para a credibilidade – isso sem falar no festival de liminares e punições por irregularidades – aliás, documentação de jogadores inscritos é outra coisa que ninguém lê. Tudo bem, há quem diga que regulamentos confusos já fazem parte da nossa cultura, e sem eles a graça não seria a mesma. São os mesmos que esperam ansiosos pelas novidades do Campeonato Paulista de 2005, e certamente vão questionar novamente o “complexo” Brasileirão de turno, returno e pontos corridos.
Gauchão – Entre todos os regulamentos dos torneios regionais, o do Campeonato Gaúcho sempre mereceu destaque especial: 15 de Novembro, Santa Cruz, São Gabriel e Glória estão nas duas chaves classificatórias, que definem os finalistas. O Glória, de Vacaria, disputa a semifinal pelo Grupo 1 e pode chegar à decisão. Mas se for mal no Grupo 2, nada impede da equipe ser rebaixada… No artigo três, a ressalva: a fórmula de disputa foi “aprovada em 03 de novembro de 2003”.
Ao menos um avanço em relação aos anos anteriores: até o ano passado, o site da Federação Gaúcha de Futebol apresentava o regulamento, a tabela e um terceiro item: o “esquema”. Tentativa de explicar (ou complicar) o confuso sistema de disputa do Gauchão. Em 2004, no entanto, a Federação optou por não publicar o “esquema”.
(publicado originalmente aqui)
Nem preciso dizer que não li o post inteiro. É, realmente você não fala de futebol no blog…
Bem, mas sobre regulamentos: você já leu o do I-Best? Nem eu, mas fiquei sabendo que boa parte das maracutaias constam no próprio regulamento do “concurso”… um tal “Academia I-Best” é o protagonista.
Isso é que é conhecer o próprio público. É ter a certeza de que ninguém ever lerá aquele regulamento…
Nunca disse que não falo em futebol: disse que falo pouco… 😛
Os regulamentos são mesmo pra lá de esdrúxulos. Mas agora não adianta os dirigentes reclamarem. E a eliminação do São Paulo tem que servir para que esses “gênios” pelo menos da próxima vez prestem atenção no que está escrito antes de assinarem os regulamentos.