Vamos falar (mal) da cobertura da Copa?

Meu amigo Anderson, vulgo Pinguim, me confidenciou esses dias o seu desejo: quer fazer uma faculdade de jornalismo. Independente da decisão de fazer ou não o curso, eu me arrisco a perguntá-lo, ainda sob a ótica de um espectador, como seria a sua cobertura ideal de uma Copa do Mundo, e é claro, se algum veículo fez algo parecido com a sua idéia. Mesmo que você não seja o Anderson, nem queira fazer jornalismo, ou muito menos se interesse pela Copa, fique à vontade para responder também.

Aproveite, afinal de contas, nunca vi esse tipo de avaliação da mídia, feita pela própria mídia, de uma maneira tão explícita como agora. Obviamente, quem faz isso o tempo todo intensificou suas críticas: foi o que fez o Observatório da Imprensa, que não esqueceram de mencionar o artigo do jornal britânico The Guardian, a respeito da caravana exagerada de jornalistas tupiniquins. Era muita gente que demorou para descobrir como seria trágico ver Ronaldo e Adriano juntos, mas tratou de colaborar para que todo mundo soubesse da bolha, da balada, enfim de toda a intimidade dos jogadores, como se fosse Big Brother. Desses, tinham ainda uns poucos (poucos?) deslumbrados com as terras germânicas e verdadeiros tietes das celebridades e da própria imprensa, verdadeiros turistas com tudo pago pelos seus veículos.

Mas mesmo quem não costuma criticar a imprensa o fez. A Folha de S. Paulo dedicou boa parte do caderno Ilustrada, no último dia 25, para falar dos piores momentos da Copa na TV – entenda-se, Globo. Está tudo ali: a pieguice do Pedro Bial, o ufanismo de Galvão Bueno e sua discutível predileção ao Olodum, a escalação errada de Brasil x Japão antes da partida…

Entre tudo que foi escrito sobre a cobertura da Copa, evidentemente o que mais me interessou foi este artigo do Leonardo Oliveira, no Webinsider. Ele faz um questionamento muito pertinente, e que certamente será discutido em algumas redações: afinal, se todos os sites e blogs trazem tudo, de todos os jeitos, e todos possuem a mesma coisa, qual o diferencial? Como explorar as possibilidades, aprofundar os temas, usar os recursos que a web oferece, como hipertexto, multimídia e interatividade? Boa pergunta para responder a primeira…

Enfim, existem ainda os casos como desta coluna do comunique-se, onde o autor (que trabalha no portal de esportes da Globo) diz que a cobertura da Globo “enviou o que tinha de melhor no jornalismo, e fez uma cobertura impecável”. Pelos comentários lá, não fui o único a ver diferente.

Como eu responderia – Pessoalmente, acho válido todo tipo de experiência jornalística durante uma Copa do Mundo. Pelo simples fato do brasileiro típico (não estou falando de você, que odeia futebol e não aguenta mais o mesmo asunto) realmente consumir tudo que puder sobre o tema. Não é a toa que, ao lado das matérias sobre jogos e times, tem sempre aquelas brincadeirinhas com torcedores ou aquelas brincadeirinhas turísticas nas sedes alemãs. E realmente, para quem tem apenas a TV como fonte de informação, o mundo se resumiu a Copa do Mundo por praticamente três semanas – ou melhor, até o Brasil ser eliminado. Agradeça aos anunciantes, que aproveitam o momento para vender até a sogra.

Obviamente, tudo de acordo com o orçamento e possibilidades logísticas: se você tem cacife para pagar passagem e hospedagem para “n” pessoas, cada qual com a sua função, ótimo. Evidentemente, num primeiro momento, existe um planejamento e um objetivo final a ser cumprido. Na correria do dia-a-dia, com o acúmulo de tarefas, ou mesmo em função datarimba de um ou outro profissional, a qualidade também vai para o espaço. E isso ficou bem claro, especialmente nos primeiros dias das transmissões da Globo ou da SporTV – onde o cúmulo foi ver jornalista entrevistando jornalista durante treino. Aliás, com a informação nas mãos de uma única fonte (ou disponível em entrevistas coletivas), dava para escolher qualquer lugar para acompanhar o Mundial: todos traziam exatamente as mesmas coisas.

Soma-se a isso tudo que é feito ao vivo, e por mais preparado que seja qualquer profissional, falar ao vivo é sempre uma armadilha. Tem ainda aquela turma que nunca tinha ouvido falar em credenciamento, zona mista, centros de imprensa e afins, e que se perderam no mar de jornalistas sem conseguir qualquer destaque. Ou aqueles iguais a mim, a você e a tantos outros, o que presume ser um grande conhecedor de futebol. Sem falar nos que realmente não sabiam nada, mas também estavam lá dando palpite. Mas eu não me pauto por eles, mas sim por outros excelentes profissionais, que tiveram uma grande chance de mostrar o quanto sabem. E conseguiram.

Falando em Copa – Já sabemos (e essa eu também “já sabia”) que o campeão mundial será um dos mesmos de sempre. Mas eu duvido que alguém gozando de boa saúde e sem qualquer problema de ordem neurológica tenha apostado em Itália x França na final. Eu, que sou apenas um pouco desajustado, consegui errar longe tanto antes do Mundial quanto nas semifinais, acreditando no tetra da Alemanha após uma vitória sobre Portugal.

Mas há quem tenha sonhado um pouco mais, imaginando Luis Figo levantando a taça, para delírio de Felipão e de nossos patrícios. Conversando com meu fiel escudeiro Narazaki essa semana, ouvi uma constatação válida, e que não deve ser vista sob a lente do preconceito:

“Já tivemos Santo André, Once Caldas, Grécia, Colômbia… Todos já ganharam alguma coisa, mas na Copa do Mundo, ainda é preciso tradição, camisa… Tem que bater na trave algumas vezes antes de ganhar. Se Portugal vencer, até a Copa vai perder esse charme. Qualquer um ganha, igual a Eurocopa, a Copa América…”.

Pode se acalmar, japonês: nada de novo no planeta bola desta vez. E apesar de acreditar no título da Itália, meu palpite para domingo é: tanto faz.

Comentários em blogs: ainda existem? (8)

  1. Vou torcer muito, de verdade, pro Zidane se despedir levantando a taça. Mas acho que dá Itália.

    Sobre a cobertura, não tirei a TV da ESPN Brasil.

    E que tal um post sobre a Seleção da Copa de cada um? Já tenho a minha!

  2. Patty, mas nós já perdemos pela terceira vez para a França… 😉 Agora, quanto a essa final, faço minhas as palavras do Olé, acerca do Brasil x Inglaterra, em 2002: Que percam os dois!

  3. Idéia esta cada vez mais martelante em minha cabecinha. Enfim, pode ser só empolgação.

    Eu tava escrevendo um texto enooorme aqui, mas vou guardar minha opinião sobre a cobertura desta copa (e das próximas, já que a tendência é piorar) para aquele bate-papo prometido para depois da copa, onde poderei pagar uma cerveja para o Fabio e debater sobre a situação atual de São Paulo, que retornará com tudo na mídia depois de amanhã, quando a Copa acaba.

    Um abraço!

  4. MaFer, eu sou italiana, nos ainda nao perdemos pela terceira vez para a França ;).
    Eu torci pelo Brasil porque amo o pais e os brasileiros e esperava numa final contra a Italia. Voce nao chegaram la, nos sim :).

  5. Evviva!
    O destino quis que o Trezeguet que nos rubou a Eurocopa em 2000 cometesse um erro nos penaltis, em que nos nunca demos bem.
    Italia tetracampea, que emoçao até o ultimo segundo! 🙂

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