Ronaldo estava acabado para o futebol no final de 2008. Em dezembro daquele ano, porém, a bomba estourou: o Fenômeno iria jogar no Corinthians. A aposta do jogador deu certo, pois ganhou tudo o que disputou em seu primeiro ano no Timão. Na final do Paulista, vitória apertada de 1 a 0 sobre o São Paulo. Na Copa do Brasil, o empate em 1 a 1 no Beira-Rio garantiu o terceiro troféu da competição para o Parque São Jorge. E, em uma disputa emocionante, o Corinthians chegara ao penta do Brasileirão, evitando o hepta do Tricolor.
Depois de um 2009 perfeito e de receber várias propostas da Europa, Ronaldo decidiu continuar no Corinthians no ano seguinte, já que o clube comemoraria seu centenário. A chance de conquistar uma Libertadores aos 33 anos também o empolgava a ficar no Brasil. E o sonho dele, e de toda a nação alvinegra, estava a um passo de se concretizar.
Naquele agosto de 2010, o atacante já superara a frustração de não ter sido chamado por Dunga para a Copa da África do Sul. Ainda bem que escapou do fiasco de ser eliminado nas oitavas-de-final pela Argentina. Agora, poderia dar o troco contra o Boca Juniors, na final a ser realizada no Morumbi.
A derrota para o time argentino por 1 a 0 no primeiro jogo da decisão não desanimou o jogador. Por maior que seja a pressão, ele sabe que sua equipe tem futebol para reverter o placar e se tornar campeã. E nem suas dores no joelho seriam capazes de impedir isso.
A imprensa não sabia, seus companheiros de clube também não, mas Ronaldo há meses convive com dores no seu joelho esquerdo, o mesmo que encerrou sua trajetória no Milan. Com a desculpa de ser poupado para a Libertadores, o atacante não vinha atuando no Brasileirão e tem resistido firme, mas sabe que por pouco tempo. Hoje será tudo ou nada.
O capitão William puxa a fila de jogadores e Ronaldo vem logo atrás. Como era de esperar, o Morumbi está abarrotado e a torcida faz um barulho impressionante. Um filme passa por sua cabeça e o atacante está convicto de que não decepcionará a Fiel. Não vê a hora de a bola rolar.
Começa a partida e o Timão vai para cima do Boca. O sufoco dá resultado e, logo aos 15 minutos, após boa jogada de Douglas pela esquerda, Ronaldo recebe a bola na entrada da área, dá um corte no zagueiro e estufa as redes. O Corinthians faz 1 a 0 e tem tudo para ser campeão.
A euforia, no entanto, esfria aos poucos. Os jogadores do Boca conseguem segurar a bola, frustram as poucas tentativas do ataque corintiano e às vezes dão sustos no gol de Felipe. O primeiro tempo termina com a vantagem mínima para o Timão.
No vestiário, o técnico Mano Menezes acalma sua equipe e pede concentração. Suas palavras são bem digeridas pelo elenco, mas Ronaldo parece distante. O treinador chega junto dele antes de subir as escadas que dão acesso ao campo e pergunta o que há. O atacante responde que está com um pouco de dor, nada que vá impedi-lo de fazer o gol do título do Corinthians.
O segundo tempo inicia truncado e os dois times evitam correr riscos. O nervosismo da partida passa para a torcida que, por mais que continue incentivando o time o tempo todo, já não demonstra a mesma confiança do início. Depois de 40 minutos, então, a apreensão é total.
Ronaldo se arrasta em campo e o técnico Mano Menezes opta por deixar a substituição do jogador para a provável prorrogação. Quando todos pensam sobre o que acontecerá nos 30 minutos de tempo extra, Ronaldo recebe um passe na intermediária e, surpreendentemente, arranca para a área adversária. O zagueiro tenta tirar a bola com lealdade, só que comete o pênalti no atacante, aos 47 minutos do segundo tempo.
O jogador se levanta com cuidado e sabe que é sua a responsabilidade de cobrar a penalidade máxima. Ele se prepara, apoia o pé esquerdo no chão e chuta forte com o direito. A bola entra no ângulo, o goleiro cai do lado oposto e Ronaldo também vai ao gramado. O Corinthians é campeão da Libertadores, só que o herói da conquista não conseguirá dar a volta olímpica.
Após o chute, o joelho esquerdo de Ronaldo não aguentou. Nova ruptura do tendão patelar, urros de dor e a certeza de que sua trajetória no futebol definitivamente terminou. No meio de tanto sofrimento, porém, ele pode sorrir. Sua missão foi cumprida.
Enquanto Marmota passa por dias perfeitos descansando e viajando, a série Colônia de Férias apresenta textos gentilmente enviados por seus amigos.
Sonho meu… sonho meu…
Chegou a todas as finais brasileiras contra o SP e ganhou?!? Todas?!?! Ahan.
Campeão da Libertadores?
…
Isso, sonha… sonha que não custa nada! Hehehe