Ser ou não ser estudante (ou bobo)

Se você começar um diálogo comigo com um “já assistiu ao filme…”, a chance de te responder “não” é bem grande. Posso contar com os dedos de uma só mão os filmes que assisti em 2006, e com apenas um dedo tenho o número de vezes que fui ao cinema esse ano. E como das últimas vezes, praticamente não tive vontade de assistir a nenhum dos indicados ao Oscar – exceto Munique. Que, diga-se, ainda não vi.

Desta vez, não vou usar a simples falta de tempo, desculpa número um para explicar minha ausência a qualquer atividade em grupo. Uma das grandes razões para permanecer longe da fila do cinema é o preço do ingresso, que pode chegar a R$ 18 dependendo da sala e do horário.

“Ah, mas você não tem carteirinha de estudante?”, perguntaria o primeiro cururu. Não, não sou mais estudante. Não acho justo usufruir um direito que já me pertenceu durante longos anos letivos, mas que só posso readquiri-lo no dia que eu tomar vergonha e começar um mestrado, por exemplo. “Puxa vida, como você é burro! Qualquer um pode pegar a carteirinha de estudante, é só pagar!”, responderia o cururu.

Pois é, pior que funciona assim mesmo. Duas jornalistas da Folha aproveitaram a promoção imperdível de uma rádio e conseguiram o cobiçado documento, desembolsando alguns reais e “tapeando” o sistema, inventando um curso qualquer no formulário. Pronto! Qualquer um pode pagar meia entrada no cinema, e nem precisa se matricular em lugar nenhum!

A matéria traz uma avaliação rápida, mas realista: “50% a 80% dos ingressos são vendidos com meia entrada. Segundo exibidores de cinema, o preço cheio do ingresso poderia ser reduzido em até 30% se a meia entrada fosse mais criteriosa.” Traduzindo: por culpa de meia dúzia de malacos, eu e outros bobocas pagamos o preço.

Definitivamente, é moleza economizar. Mas se quiser entrar nessa, não conte comigo.

Adendo 1 – Pergunta estúpida de quem pouco acompanha o noticiário cinematográfico: é impressão minha ou os norte-americanos assinaram mais uma via de seu atestado moralista ao escolherem ”Crash” ao invés dos cowboys felizes como melhor filme? Aliás, já ouvi amigos comentarem que deviam mudar o nome do filme para “Trash”.

Adendo 2 – Fui apenas uma vez ao cinema em 2006, mas valeu a pena. Se puder, assista Match Point, do Woody Allen.

Comentários em blogs: ainda existem? (7)

  1. Os candidatos ao Oscar esse ano me causaram um forte ataque de tédio. Até o filme dos Cawboys felizes é um saco de aguentar. O melhor que pode comparecer entre os ganhadores foi A Marcha dos Pinguins e o longa metragem de animação Wallace and Gromit. Fora isso quase tudo é lixo.

  2. André, discordo. Acho que esta pesquisa é semelhante a que diz que a pirataria é a responsável pelos preços extorsivos dos cds. Vejo um caminho inverso neste caso, como também seria o caso dos cds. a pirataria de carteirinhas é um reflexo do preço irreal cobrado pelos exibidores , que tentam a todo momento se aproveitar do boom de público do cinema para faturar em cima. basta observar que nunca foi investido tanto em cinema no brasil nos últimos tempos, são novas salas, salas antigas sendo reformadas, mas tudo com seu preço. Os preços das sessões de quarta-feira há muito não são os 50% que normalmente era cobrado, e ainda inventaram os preços antes e depois das 17hs. Apóio a pirataria como forma de boicote, pois quero ver que exibidora resiste a uma auditoria de suas contas, uma balanço que mostre seu faturamento não sustentaria a tal pesquisa.

    abraços

  3. Sobre a pirataria: Prove-me que tudo que está instalado em seu computador é produto oficial.
    Sobre o Oscar: Duro mesmo é não ter tv a cabo e ficar esperando o Big Bosta Brasil acabar pra poder assistir à festa da Academia.
    A premiação é naquelas: Quem ganhou, fica feliz, quem não ganhou, desdenha. E tem palhaço que vai dizer que “Gramado é mais valioso. Lá, a votação é livre de lobby!”. Ah tá, truco!

  4. Se não me engano, em Curitiba o valor do ingresso de cinema realmente caiu, depois que o oferecimento de meia-entrada deixou de ser obrigatório.

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