Se Einstein e sua teoria da relatividade, que comemorou cem anos, estiverem definitivamente corretos (nada indica o contrário), tanto tempo como espaço são definidos de acordo com seu observador. Para enxergar diferente, é preciso ser mais rápido que a luz – o que, a grosso modo, permitiria uma viagem no tempo. Coisa que dificilmente conseguiremos um dia, o que é uma pena: tudo que eu precisava nessa semana era de um apetrecho do gênero, que pudesse me deslocar para qualquer ponto do calendário.
Não, de forma alguma me interessa mudar algum evento passado e provocar o que a teoria do caos e Hollywood já definiram como “efeito borboleta”. Longe disso. O reloginho de controle do tempo seria ótimo para voltar e adiantar os ponteiros, de acordo com o nosso interesse. Você resolve dormir duas horas a mais, por exemplo, e sabe que vai se atrasar no serviço: tudo bem. Basta girar o botão, recuperar toda a manhã e aproveitar para assistir ao Bom Dia Brasil. E se o amor da sua vida ainda estiver na cama, por que não voltar ao início da noite?
Mas não é só. É sábado e você está no plantão da repartição. Sabe que, no mesmo horário, uma conhecida que você não vê há dez anos comemora seu aniversário. Em outro ponto da cidade, outro grande amigo, verdadeiro irmão, também decide comemorar seu dia de nascimento. Um terceiro evento, mais uma dessas grandes congregações de blogueiros, acontece no mesmo horário dos outros dois. A solução está no pulso esquerdo: terminar as tarefas, ir a todas as festas, aproveitar cada uma até o fim e registrá-las no blog. Dá tempo até de cochilar antes de acionar o reloginho do tempo e começar a outra. Poderia passar dois dias dormindo antes de voltar ao plantão de domingo.
O equipamento venderia como água, e certamente ganharia subsídios da indústria do entretenimento. Na Bahia, viraria coqueluche: carnavais e micaretas eternas, gente beijando a todos sem qualquer distinção durante horas e horas seguidas – e sem sair da terça-feira gorda. Isso sem falar nas empresas de transportes ou entregas rápidas, nos políticos com sede de poder eterno, nos blogueiros com serviço atrasado, entre outras incontáveis aplicações úteis. Além do botão rewind, por que não equipar o reloginho com uma tecla pause (durante um almoço ou um beijo) ou fast-forward (para viagens cansativas ou discussões de relacionamento)?
Por enquanto, flexibilizar o tempo ao invés de administrá-lo é um luxo que ninguém tem. Mas sonhar faz bem. E ainda responde ao desocupado que me deixou a seguinte mensagem diante de mais um texto despretensioso e feito às pressas: “você realmente tem esta dúvida ou esta sem assunto pro blog?”, sem deixar nome ou e-mail para contato. Devia aproveitar melhor seu tempo livre, o imbecil.
(Postado em 15/06/2005)
Me vê dois desse, um pra cada pulso, faz favor!
Ah, imagina só, o caos… Pessoas envelhecendo anos em um só dia! A eficiência no trabalho ia ser uma beleza, mas imagina os custos com aposentadoria!
A humanidade não está pronta. Precisamos aprender a adminsitrar o tempo normalmente, pra só depois poder mexer com ele à vontade sem fazer bagunça.
Ué, mas já fizeram esse filme, vc não viu? é o Click, com o Adam Sandler. Eu adorei. Mais aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Click.
Pior que, mesmo assim, as pessoas ainda iriam querer poder dispor de mais tempo! 😛
Acho que não daria certo nós com esse reloginho não…
kkkkkkk… adorei o último parágrafo!!!
Isso está até aparecendo o enredo do filme Click!! mas ao invés de relógio, é um controle remoto!
Concordo com você, se pudessemos alongar os momentos felizes.. seria uma grande descoberta!
bjs…