Há mais de um século os publicitários tiveram uma grande sacada: ao invés de simplesmente botar um vendedor de voz aveludada ou uma senhora bem vestida e sorridente, por que não associar um produto a uma figura fictícia, que vai representá-lo por muitos anos? Há exemplos muito bons, que perduram até hoje no imaginário popular.
Pena que em alguns casos a coisa seja tão malfeita. Por que não explorar o Coronel Boris Tuchencko fora daqueles comerciais imbecis da Net, desenvolvendo qualquer material que o torne mais palatável – suas histórias na Guerra Fria, comandando tropas russas na Chechênia enquanto bebe vodca? Amanhã ou depois ninguém vai lembrar do Skavurzka.
Para mim está claro: a opção por um garoto-propaganda é mais simples e barata. O único caso conhecido que envelheceu junto com o consumidor sem prejuízo à marca foi Carlos Moreno, da Bom Bril. Talvez o Baixinho da Kaiser (que some mas sempre reaparece) caminhe na mesma trilha. Há ainda uma figura que jamais envelheceu, ao menos na caixinha de palitos de dente: Gina.
Mais difícil do que escalar um ator é criar um personagem sob a forma de mascote. Um verdadeiro representante da marca, sempre simpático, que não cobra salário (o desenhista faz isso), capaz de abrir sorrisos nas crianças e resgatar as mais belas memórias afetivas nos adultos. Alguns deles sequer precisaram contracenar em filmes de trinta segundos: é o caso dos dois frades da clássica caixa de chocolate em pó Nestlé, ou o velhinho (que lembra uma velhinha) estampado na caixa de aveia Quaker.
Uma forma rápida de bolar um personagem atrelado à marca é “dar vida” ao próprio produto. Dois casos pinçados na memória: Toddynho, seu companheiro de aventuras em um mundo colorido banhado por rios e cascatas de achocolatado líquido, e o velho Lollo – que a Nestlé renomeou para Milkbar, talvez uma das alterações mais infelizes da história.
Mas enfim. É difícil montar uma lista de cinco mascotes inesquecíveis que marcaram minha infância. Como deixar de fora, por exemplo, o Tigre Tony? Muitos avôs de hoje, em algum momento de outrora, já despertaram o tigre dentro de si comendo sucrilhos. Dividem com ele menção honrosa em minha lista: o homenzinho azul do cotonete (que certamente entraria na lista de muita gente), o elefante Jotalhão (do gibi da Mônica para a embalagem do extrato de tomate) e o Grilo Feliz da Sharp (um dos poucos que virou longa metragem). Os cinco a seguir foram escolhidos graças a um critério altamente sensorial.
#5 Leque-Treque – Não sabe quem é Leque-Treque? Pô, onde você estava em algum momento dos anos 80, quando a Sadia elaborou uma campanha nacional para dar nome ao seu simpático franguinho com viseira e chapéu de aviador? Sim, senhoras e senhores: este é o nome deste ícone, popular até hoje – só não entendo porque a empresa não cita “Leque-treque” em momento algum. Será que se arrependeram?
Aliás, isso lembra o episódio de um amigo que inventou de passear num quadriciclo entre as praias de Moçambique e Ingleses, em Florianópolis, e teve que usar capacete e óculos. Alguém apontou para ele e disse: “olha, é o Frangolitos da Sadia!”. Pois é, Frangolitos é um nome bem mais legal.
#4 Coelho Quick – A Nestlé já fazia um sucesso danado no café da manhã, graças ao seu eterno “Super Nescau Energia Que Dá Gosto”. Para lançar um achocolatado com sabor diferente, lançou mão de Quick (cujo nome, diga-se, é Bunny). Ainda apresentou às crianças da época o horrendo sabor morango… Mas independente disso, o coelhinho serelepe era animado o suficiente para ser lembrado.
Infelizmente, trata-se de mais um caso de personagem prestes a cair no ostracismo, ao lado do ursinho Fofo. Não sei se alguma criança de hoje consegue alguma identificação sentimental diante de uma embalagem com o péssimo nome “Nesquick”. Enfim.
#3 Detetive Bardahl – Mais um clichê em matéria de personagens: o “sherlock genérico”. Nessa posição, estava prestes a escalar Bond Boca, da Cepacol – de longe, bem melhor que Ted Tigre e sua partner gostosona. Foi então que lembrei de outro nome, muito mais rico e com um universo de personagens bem mais legal!
O Detetive Bardahl começou como desenho, ainda na década de 50. Mas virou personagem “live action” nas revistas e na TV no começo dos anos 90. Vestido com seu traje preto e amarelo, o agente não se esquivava diante de uma gangue formada por malfeitores da pesada: Bad Oil, Motor Killer, Crazy Water, Kid Smoke e a malévola Drag Car (mistura de Mortícia Adams com Jessica Rabbit). Muito bacana.
#2 Bocão – A Royal teve dois momentos envolvendo mascotes. Um deles, e que nem eu lembro direito, eram os heróis dos sucos em pó: algo como Capitão Laranja, Abacaxi Espacial Morango Kid, Lady Laranja, Capitão Limão, Maracujá Valente, Uva Galáctica e Guaraná Atômico (corrijam-me se eu estiver enganado errei dois e esqueci um). Durou tanto quanto a presença do produto nas prateleiras.
O outro, no entanto, até hoje aparece no cantinho das caixas de gelatina: Bocão não tem nada de mais, é um boné, um par de olhos e… Um bocão. Mas sua exposição exagerada, inclusive em filmes dos Trapalhões, o deixou com a medalha de prata. Só não sobe no degrau mais alto do pódio graças a outro personagem, cuja boca era bem maior…
#1 Menininha Nhac – Já não existe mais Claybon Cremoso. Se existe, é porque definitivamente perdeu a chance de eternizar a mascote mais bacana de todos os tempos. Uma singela loirinha de vestidinho vermelho, que não titubeava diante de uma torrada ou pão lambuzado de margarina. Num rápido e fulminante NHAC, já era.
A Menininha “Nhac” da Claybon ficou eternizada não apenas nas embalagens, mas em três revistinhas de passatempos lançadas nos anos 80 (verdadeira raridade), além de patrocinar um antigo programa de calouros nas tardes de sábado no SBT. Toda criança daquela época era apaixonada por ela, e para delírio ou não de nossos sentimentos platônicos, jamais haverá outra.
Fique à vontade para descer o sarrafo nas minhas escolhas, lembrando de algum ícone ainda mais relevante. E para viajar ainda mais no tema, não deixe de navegar pelo excelente Mundo das Marcas – certamente um dos mais completos repositórios do gênero, mantido pelo Kadu Dias.
Ah, sim, essa lista já estava na minha mente há tempos. Executei em meu dia de folga, especialmente após alguns diálogos do gênero “ei, você está devendo aquele texto que prometeu!”. Não havia data mais adequada para colocá-lo no ar, hein? Feliz aniversário.
🙂
Um autêntico MMM!
Nhac!
André, faltaram as ilustrações… 😉
Nooooooooossa! Há quanto tempo não ouvia falar do Bocão!
=D
Você já está ficando semi-idoso, não?!
heheh
=D
Beleza?
conforme fui lendo, lembrei-me também do Jarrão do Q-Suco e da cara risonha dos salgadinhos Elma chips…
Bons tempos…
abraço
Pô! Eu tinha o coelho da Quick que vinha em uma kit com um monte de latas do negócio. Acho q tb teve um kit q vinha com smurfs de pelúcia, mas não lembro se era do Quick tb. Só sei que o sabor morango é fantástico. Tô me embebedando de Ades sabor shake de Morango para relembrar o sabor.
Já a menininha Nhac! me alimentou durante muito tempo em uma caneca vermelha. Saudade daquela caneca…
Éééé Marmotão! Vc lembra que a Drag Car chegou a ser até capa da SEXY? Pois é, vários Zé Ruelas devem ter comprado, graças a Deus eu não fui um deles, hehehe!
As inserções do Bocão nos filmes dos Trapalhões eram medonhas, credo! Do nada, ele aparecia no canto e o Mussum falava “não acha, Bocão?” e depois sumia, hahaha! Bizarro! XD
Mas quem eu gostava muito e ficou de fora da sua lista (sempre tem um que fica fora) era o cara do finado Banco Bamerindus. Ô gordinho simpático esse! Era de uma época em que esses “mascotes” eram bem mais simpáticos mesmo!
Abração!
Ó, o Zé Lelé aqui, aqui! Igual o barbosa. Barbooosa!
Abração
ei…
e a Galinha Azul?
Quem lembra do Bond Boca do Cepacol?
Verdade…ficou faltando as imagens…de resto, show de bola!
Ainda apresentou às crianças da época o horrendo sabor morango…
…numa época em que só havia dois sabores para os biscoitos recheados: chocolate; morango.
Outros mascotes e coadjuvantes: monstrinhos crec; Arti, Figi e Al (de uma marca de sucos, se não me engano); Gozmik (da revista SuperInteressante).
André,
Recentemente comprei uma lata de “Quick” sabor morango. Tinha esquecido como era o sabor, então tive que jogar a lata fora assim que tomei o primeiro gole. O pior é que na minha cabeça o Quick morango era uma delícia…
Excelente post e valeu pela dica do blog.
MEEEEEEEEUUUUU DO CEU!! Q SUCESSO!RSRSRS
Tem um tempão q procuro sobre esses super-herois do suco da Royal!!! rsrs
Me lembro deles nos VT´s antes dos filmes da Xuxa e dos Trapalhões…ai q feliz q eu to rsrs
Obrigada!
Bjos
Supertasters era show mesmo faltou comentar tbm sobre as cixinhas surpresa q eram sempre na forma dos carros dos personagens, e falar do chiclete buvlets q trazia figurinhas do Jaspion e dos changeman eu adorava as bolachas dos montrinhos crec crec e os personagens arti fici e al se nao me engano era do refri da brahma eram showns as figurinhas do chocolate surpresa tbm eram show de bola