Que o futebol é uma “caixinha de surpresas”, todos estão cansados de saber. Mas fazia tempo que não surgia um contêiner de situações imprevisíveis. Começando com Paulista de Jundiaí e São Caetano decidindo um Campeonato Paulista. E não é que, depois dessa, os raios que dificilmente cairiam no mesmo lugar queimaram mais línguas?
Veio o início do Campeonato Brasileiro, com Figueirense e Criciúma inserindo Santa Catarina na geografia do futebol nacional. Na Europa, Porto e Monaco sagraram-se os melhores clubes do velho continente – melhor para os portugueses. Ainda por lá, a estrela de Felipão terá, neste domingo, uma revanche diante da Grécia – talvez os ares olímpicos deram a eles mobilidade e noções de espaço jamais vistas nos gramados, para tristeza de franceses e tchecos.
Voltando ao nosso continente, temos Once Caldas (ê nominho infeliz) campeão da Libertadores, com direito a um bisonho aproveitamento negativo do tradicional Boca Juniors: quatro pênaltis perdidos, e a consagração do goleiro Henao e sua indumentária a la Carla Perez. Finalmente, a prova cabal de que algo está errado: um time que, até então, tinha sido apenas vice-campeão da Série C, conquista um título nacional diante da maior torcida do Brasil. Em tempo, parabéns ao Santo André, e chupa Flamengo.
Seria isso uma mostra de que os “perquenos” estão crescendo? Aprenderam a jogar bola de maneira competitiva? Estão demonstrando lisura e competência em suas administrações? Ou seria o contrário: são os “grandes” que desaprenderam, acham que a camisa faz tudo sozinha e, dessa forma, acaba o respeito e dá chance para zebras sazonais – ou alguém acredita em Grécia na Copa do Mundo, Once Caldas campeão no Japão e Santo André fazendo bonito na Libertadores?
Enfim. Surpresas assim deixam o “espetáculo” futebol mais interessante para torcedores e pessoas como eu e você divagarem sobre as bizarrices. Mas nivelam o “esporte” futebol por baixo: com o tempo, mesmo os mais fanáticos vão se encher de tanto desleixo dos mais tradicionais. Aí será o fim.
Outras bolas ensandecidas – Narazaki fez questão de lembrar outros dois casos. “No tênis, o eterno pipoqueiro Gastón Gaudio foi campeão em Roland Garros. E na NBA, o estrelado Lakers caiu facilmente diante do Detroit Pistons, que ninguém apostava”. Pode ser que a coisa toda seja transcendental a favor das zebras. Os Jogos Olímpicos estão aí para confirmar (ou não) a tese.
Com Galvão é mais emoção? – Galvão Bueno, 54 anos, já foi chamado pela Revista Placar como “a voz do futebol brasileiro”. Mais do que isso: poucas pessoas são capazes de despertar admiração e raiva ao mesmo tempo. Há pouco mais de uma semana, no Parque Antárctica, uma horda de torcedores (e até colegas de imprensa) paravam em frente a porta da cabine global, admirando o apresentador. Alguns tiraram fotos à distância. Estavam maravilhados, diante de um mito. Enquanto isso, milhões de telespectadores viam o mesmo sujeito trocar Romerito por Ramalho e, pior, Santo André por São Caetano.
A bola tá maluca? – O título remete a uma “piada interna”, envolvendo um conhecido apresentador e narrador esportivo paulistano, que também escreve suas colunas em um não menos conhecido site. Ha uns anos, intitulava seus textos com a frase “a bola tá maluca”. Na verdade, tratava-se do nome da coluna. Mas como todos os outros mandavam títulos, seguimos o padrão. Veio o “A bola tá maluca II”, “A bola tá maluca V”, “A bola tá maluca XXIII”… Até que alguém se deu conta.
(Em tempo: a busca da Folha Online é muito boa).
Do jeito que a bola anda maluca, é capaz até do Brasileiro parar nas mãos do Corinthians ou do Inter.
Curíntia e Ramalhão na semi da Libertadores 2005. Já vou comprar meu ingresso antecipado. Agora vai!
Vai dar Bugrão!!!
Some-se a essas zebras o título da Sharapova em Wimbledon… vai entender…