Quem assistia ao Fantástico neste domingo se surpreendeu com um comercial enigmático. Um “paparazzo” fotografava uma loira boazuda, que se exibia na janela do apartamento à frente. Ao checar o resultado, uma imagem com os dizeres “bem misteriosa”, seguido de uma URL – www.bemmisteriosa.com.br (parece que fica melhor para a minha imagem se eu me limitar à revista eletrônica global, já que a mesma chamada foi veiculada durante o BBB…).
Mas enfim. O site não só mantém o enigma, como o estimula. Para que o mistério se resolva, é necessário postar no Twitter mensagens com a hashtag #bemmisteriosa, além de estimular outros a espalharem a “propagandinha”.
Entre mensagens replicando a pergunta e outras simplesmente impregnadas de spam, pessoas se mobilizaram para descobrir o autor da ação, como conta o Rafael Ziggy. Durante a segunda-feira, especularam algo relacionado à Geize Arruda, a eterna “moça do vestido rosa da Uniban”. Independente do que está por trás, a hashtag #bemmisteriosa já ultrapassou a marca de 20 mil, permanecendo entre as mais populares do Brasil.
Tal ação remete a outra, que ficou no ar nos últimos meses de 2009: o Polar Tweets.
Nesse caso, a atividade patrocinada pelo zoológico de Toronto estimulava pessoas a tuitarem mensagens relacionadas ao meio-ambiente, sob o risco de um iceberg virtual derreter, “afogando” um simpático ursinho polar. Quanto mais mensagens, maior e mais sólido o iceberg do ursinho. Basicamente, a diferença entre o #polartweets e o #bemmisteriosa é que o segundo apostou ainda em um comercial tradicional de TV, tentando arraigar novos curiosos num ambiente além das próprias redes.
Uma das observações que sempre costumo fazer em relação a dificuldades do Twitter diz respeito a fragmentação das informações: são muitos emissores, muitas vezes reproduzindo a mesma mensagem, e em muitos casos elas se perdem, sem qualquer visibilidade ou importância. Ao mesmo tempo, nem toda mobilização consegue ser bem avaliada, no fim das contas – afinal, qual foi o real impacto do #forasarney, por exemplo?
Ações como estas podem inspirar agregadores de mensagens, independente das plataformas de publicação, com intuitos diversos mas ligados a esta mobilização. Não me surpreenderia se algum patrocinador da seleção brasileira fizesse algo do gênero durante a Copa do Mundo. Sem falar, evidentemente, nas eleições – afinal de contas, já tem candidato adoidado quebrando a cabeça com o brinquedinho.
Ah sim, gosto muito da frase “tweet with purpose”, do Polar Tweets. Não tem nada de misteriosa nela, não?