Finalmente estamos chegando ao final da saga – só aqui mesmo para um final de semana inesquecível durar pelo menos um mês… De qualquer forma, esta é a parte mais rápida e menos agradável: a volta para casa. Pouco antes das dez da noite de domingo, já estava em um dos portões de embarque do Salgado Filho em direção ao lar.
Já a bordo do vôo 1753 da Gol, o comandante dá as boas vindas de maneira preocupante: “como todos sabem, o Aeroporto de Congonhas em São Paulo fecha para pousos e decolagens às onze da noite. Vamos fazer o que for possível para chegar antes desse horário”. Pontualmente as dez horas, o boeing 737-700 deixava o solo porto-alegrense: o motorista teria que pisar fundo para chegar a São Paulo em uma hora, já que o tempo normal de vôo leva dez, vinte minutos a mais.
Inacreditavelmente, deu certo! Para minha sorte, já que eu havia estacionado o carro nas redondezas. Durante o vôo, no entanto, os responsáveis pelo serviço de bordo da aeronave pareciam não ligar para a correria. Continuavam altivos e sóbrios, servindo aos passageiros com aquela dedicação e sorriso peculiares.
Sempre admirei o trabalho desses profissionais. Não apenas pelo desgaste ao dedicar algumas horas voando por todos os lados, mas também pelo glamour que a profissão desperta. Minha visão ficou ainda mais romantizada depois de assistir ao filme Prenda-me Se For Capaz, onde a astúcia do protagonista Leonardo di Caprio é mesclada com o fascínio exercido por aeromoças (principalmente) e comissários de bordo.
Pois bem. Naquela noite, minha admiração perdeu um pouco o sentido. Ao desembarcar em São Paulo, acionei a van que me levaria de volta ao estacionamento. Ela chegou, me apanhou na frente do Terminal Sul e parou alguns metros depois, na entrada do Terminal Norte. Sentado no banco da frente, pensei: “opa, o amizade vai pegar outros passageiros que chegaram agora!”.
Os passageiros eram, na verdade, quatro aeromoças da TAM e um comissário de bordo! Apesar do horário, as moças ainda estavam impecáveis, preparadas para informar os procedimentos de segurança da aeronave! Entusiasmadas, elas ocuparam totalmente o banco de trás. Gustavo, nome gravado no broche do comissário, ficou do lado de fora.
Seria por pouco tempo. Não demorou para que as quatro convidassem o rapaz para junto delas.
– Ai Guguuuuuu…
– Senta aqui, Guguuuuuu…
– Fica no meu coliiinho, Guguuuuuu…
E o Gugu entrou, para delírio das moças… Disfarcei bem o riso. Evitei até olhar para trás, nem deu para ver onde foi que Gugu encontrou espaço para percorrer os poucos metros que separavam o aeroporto do estacionamento. Durante esses poucos minutos, o quinteto não parou de conversar.
– Vai descansar essa noite, Gugu?
– Que nada, minha mina quer ir pra balada hoje…
– Nossa, nem vai dar tempo de dormir…
– Tudo bem. Ela quer ir ver um show de pagode, vai ser legal…
Pela madrugada! Aquele competente comissário de bordo era, na verdade, o Gugu Pagodeiro! Com todo respeito aos fãs do estilo, não tive dúvidas sobre a preferência do rapaz ao vê-lo deixar o estacionamento: seu carro lembrava o de muitos manos da Zona Leste. Ideal para o programa daquela noite!
Enquanto constatava que a lavagem grátis oferecida pelo pessoal não era das melhores, vi duas “guguzetes” deixando o mesmo local num carro popular tão batido quanto o meu. Meu fim de viagem serviu para desmistificar um bocado aquele glamour de outrora: não são ícones, mas sim pessoas comuns como eu e você. Independente do pagode…
Deu pra ti…
Vamos encerrar esta série com música! Um dos valiosos presentes daquele fim de semana foi um CD entitulado Porto Alegre é Demais, uma coletânea de canções relacionadas a cidade concebida pelo Grupo Zaffari. Além da “faixa título”, na voz de Isabela Fogaça (esposa do Senador José Fogaça), o CD traz ainda a canção que embalou esta viagem!
Dois irmãos pelotenses deixaram a cidade no final dos anos 70 para estudar engenharia na capital. Influenciados pelo rock durante a infância, a dupla conheceu outros três amigos e criou o grupo Almôndegas. Fizeram algum sucesso naquela década, mas depois de gravarem quatro discos, o grupo se dissolveu. Sobraram apenas os dois irmãos, que assumiram a dupla em 1979.
Estamos falando de Kleiton e Kledir Ramil, um dos ícones dos anos 80. Cantarolemos, pois, um dos sucessos da dupla que embalaram as últimas gerações!
Deu pra ti
Baixo-astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau
Quando eu ando assim meio down
Vou pra Porto e… pá! Que legal
Coisa de magia, Sei lá
Paralelo Trinta
Deu pra ti
Baixo-astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau
Alô tchurma do Bonfim
As gurias tão tri afim
Garotada, oba uopa
Bela dama de chimarrão
Deu pra ti
Baixo-astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau
Que saudade da Redenção
Do Fogaça e do Falcão
Coberta de orelha, frio
E a galera do Beira Rio
Deu pra ti
Baixo-astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau…
Parabéns pela projeção Virundunzística, cara! Beleza.Abração.
em dias q só o Marmota consegue me fazer sorrir… Nesses dias sempre apareço. Diverto viajar com vc…E vamos fazer a festa p/ comemorar um ano do seu blog, sim… PS: Viu. Tem gente q lê o troço q gira… hihihiSaudades (como sempre)Beijinhos carinhosos.
Os bons momentos não duram apenas um mês, não, eles permanecem para sempre nos corações, não? E é sempre bom relembrar, falar sobre eles…E sobre a música? Que os anjos digam amém e que daqui uns dias esteja eu cantando:”Deu pra tiBaixo-astralVou pra Porto AlegreTchau…” !!!beijinho